Quando a família aumenta, é comum os pais considerarem a possibilidade de montar um quarto compartilhado para os filhos. Especialistas explicam que entre os motivos para a ponderação estão a economia de espaço na casa e a criação de memórias entre os irmãos. Mas garantir uma convivência harmoniosa pode ser desafiador.
Em entrevista à imprensa, a psicóloga Marta Falcão explica que os principais desafios estão relacionados às diferenças de idade e gênero. A chegada da adolescência, responsável pelo aumento nos níveis de estresse e as alterações hormonais, também pode dificultar.
Quando os filhos têm idades próximas, os interesses são mais parecidos e a convivência tende a ser mais fácil. Diferenças maiores entre as faixas etárias podem dificultar a conciliação entre os estilos de vida.
Se o quarto é compartilhado entre um menino e uma menina, as brigas podem ser mais frequentes, como mostra o artigo “Conflitos entre irmãos: contribuições da Psicologia no contexto intrafamiliar”, desenvolvido pelas pesquisadoras do Centro Universitário Fametro e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Flora Alves, Sara Guerra e Cláudia Maria Pinto.
De acordo com o estudo, o conflito entre irmãos de gêneros diferentes se dá, sobretudo, pela crença de que o homem deve ser considerado superior à mulher e existe a busca da defesa por parte dela.
Converse sobre individualidade e privacidade
A arquiteta Luciana Paixão explica que montar um quarto compartilhado para os filhos pode fortalecer os laços, já que a proximidade aumenta a conexão emocional entre os irmãos. Também pode propiciar um ambiente de apoio mútuo, pois estimula a empatia e o cuidado com os sentimentos do outro. Há, ainda, o aumento do senso de responsabilidade e de trocas de experiências, que estreitam a relação familiar.
Luciana aponta as vantagens para os pais e a dinâmica familiar, já que um quarto planejado por arquitetos para ser dividido entre irmãos otimiza o uso da casa. No entanto, é necessário garantir que o cômodo compartilhado também garanta a individualidade dos filhos.
Em entrevista à imprensa, o pediatra e coordenador da Clínica de Santo António de Portugal, Sérgio Neves, explica que isso pode ser feito quando o espaço para cada filho é determinado. A definição pode ser feita com móveis escolhidos individualmente. Também é aconselhável que os pais esclareçam a necessidade de eles respeitarem a privacidade um do outro.
Utilize a decoração para destacar preferências individuais
A decoração pode ser utilizada para personalizar o ambiente e assegurar as preferências e a individualidade dos irmãos, contribuindo para uma convivência mais harmoniosa. A escolha da paleta de cores pode ajudar a construir um ambiente que agrade todas as partes.
Cores vibrantes garantem energia e alegria ao cômodo, segundo informações da empresa Suvinil. Os tons mais escuros criam um local de concentração e criatividade. Os irmãos podem ter gostos distintos, mas o quarto pode refletir os estilos de cada um.
A mesma proposta pode ser seguida para a escolha de móveis e artigos que irão decorar o ambiente. Para um quarto de crianças, os pais podem investir em um tapete de crochê infantil que siga a paleta de cores. Para os jovens, os modelos de cama devem respeitar o gosto dos filhos. Nas paredes, podem ser colocados nichos e prateleiras para armazenar os itens pessoais de cada um.
Arquitetos afirmam que os móveis multifuncionais podem ser uma estratégia para quem montar um quarto compartilhado, pois ajudam a manter o ambiente organizado: cama com gavetas, cama beliche infantil, armário com escrivaninha e puff baú são algumas das alternativas.
Estabeleça regras de convivência
A convivência familiar pode ser difícil, e os conflitos são inevitáveis, como explica a psicóloga Amanda Mendes Martins, em entrevista à imprensa. Quando irmãos compartilham um mesmo quarto, são pessoas com diferentes opiniões se relacionando, o que pode comprometer a harmonia do espaço.
Amanda afirma que a definição de regras de convívio é uma maneira de evitar brigas. Estabelecer um acordo de organização entre os filhos faz com que o quarto fique sempre arrumado e impede possíveis embates relacionados à bagunça.
Outra recomendação é estimular o diálogo. A psicóloga afirma que compartilhar os sentimentos e ouvir o que o outro tem a dizer fortalece a relação e permite desenvolver um ambiente saudável.