O mercado de crédito brasileiro tem se transformado diante do cenário de juros altos. Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros para pessoas físicas chegou a 45% ao ano em 2024 em modalidades de crédito não consignado, como o cartão rotativo e o cheque especial. Essa realidade tem levado consumidores a buscar alternativas mais acessíveis, e uma delas é o empréstimo com garantia, no qual o cliente oferece um bem como imóvel ou veículo em troca de condições mais vantajosas.
Levantamentos recentes da Associação Brasileira de Crédito e Serviços (ABSC) indicam que, em 2024, esse tipo de operação cresceu 18% em relação ao ano anterior, movimentando mais de R$ 70 bilhões. O crescimento reflete tanto a necessidade dos brasileiros de reorganizar dívidas quanto o interesse em financiar novos projetos com menos risco de endividamento.
Como funciona o empréstimo com garantia
Diferentemente das modalidades de crédito pessoal tradicionais, em que o banco assume maiores riscos de inadimplência, o empréstimo com garantia oferece ao credor um bem atrelado à operação. Esse bem permanece em posse do cliente, mas é registrado como garantia até a quitação do contrato.
Na prática, essa segurança reduz o risco para as instituições financeiras e permite condições melhores ao consumidor. Os juros podem ser até 50% mais baixos em comparação ao crédito pessoal comum, e os prazos de pagamento chegam a ser duas vezes maiores. Isso se traduz em parcelas mais acessíveis e maior previsibilidade financeira.
Outro ponto é a possibilidade de acesso a valores mais elevados. Enquanto o crédito pessoal costuma ter limites mais restritos, a modalidade com garantia pode liberar quantias que variam conforme o bem oferecido, ampliando o poder de negociação do cliente.
Imóveis e veículos como principais garantias
Entre os formatos mais comuns no Brasil estão o empréstimo com garantia de imóvel, conhecido como home equity, e o empréstimo com garantia de veículo. No primeiro caso, o imóvel é vinculado ao contrato, permitindo acesso a valores que podem chegar a 60% do valor de mercado da propriedade.
Já no caso dos veículos, o percentual costuma variar entre 50% e 70% do valor do bem. Esse tipo de operação é indicado para quem busca recursos de médio porte e prazos mais longos para pagamento. O automóvel continua sendo utilizado normalmente pelo proprietário, mas é registrado como garantia em caso de inadimplência.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o crescimento dessa modalidade acompanha o aumento da frota no país. Com mais de 120 milhões de veículos em circulação, o potencial de expansão do crédito com garantia de automóvel é significativo.
Vantagens apontadas por especialistas
Especialistas em finanças pessoais afirmam que o crédito com garantia é uma alternativa interessante para quem deseja quitar dívidas mais caras. Trocar uma dívida com juros altos, como a do cartão de crédito, por outra com taxa menor, pode significar economia expressiva no longo prazo.
Outra vantagem está na previsibilidade. Por contar com contratos mais estáveis e prazos maiores, o cliente consegue planejar seu orçamento de maneira mais estruturada, evitando surpresas com variações de juros. Esse aspecto é especialmente relevante em momentos de instabilidade econômica, quando manter equilíbrio financeiro se torna prioridade.
Além disso, a modalidade é vista como alternativa estratégica para projetos de maior impacto, como reformas, investimentos em educação ou abertura de um negócio próprio. O acesso a valores mais altos amplia a margem de decisão e permite que o recurso seja usado de forma planejada.
Cuidados antes de contratar
Apesar das condições atrativas, é importante que o consumidor tenha clareza sobre os riscos envolvidos. Em caso de inadimplência, o bem oferecido pode ser tomado pela instituição financeira. Por isso, antes de contratar, é recomendável avaliar a capacidade de pagamento e a real necessidade do crédito.
Outro cuidado é comparar diferentes instituições. De acordo com o Banco Central, a diferença entre taxas de juros pode chegar a 20 pontos percentuais, mesmo em operações com garantia. Pesquisar bancos, cooperativas e fintechs aumenta as chances de encontrar a opção mais adequada ao perfil do consumidor.
Também é fundamental verificar a transparência das condições contratuais. Prazos de carência, custos adicionais e cláusulas de antecipação de pagamento devem ser analisados com atenção. A leitura detalhada do contrato evita surpresas e garante maior segurança ao cliente.
Por que cresce o interesse por crédito com garantia
O aumento da procura por empréstimos com garantia está diretamente ligado ao cenário de juros altos e à busca por alternativas mais sustentáveis. Enquanto modalidades tradicionais se tornam onerosas, a oferta de crédito atrelada a bens pessoais representa uma forma de equilibrar custos e prazos.
No Brasil, fintechs especializadas nesse tipo de operação têm ganhado espaço, oferecendo processos digitais simplificados e análises rápidas. Esse movimento também amplia a concorrência e pressiona instituições tradicionais a oferecerem condições mais competitivas.
Um dos pontos que mais chamam atenção é a modalidade de contratar empréstimo com garantia de veículo, cada vez mais utilizada por consumidores que desejam reorganizar dívidas ou investir em projetos pessoais. O crescimento desse modelo mostra como o mercado está se adaptando às necessidades de quem busca crédito mais acessível e seguro.
Perspectivas para os próximos anos
Analistas projetam que a modalidade continuará em expansão, acompanhando a digitalização do setor financeiro e a demanda por alternativas de crédito menos onerosas. O avanço tecnológico deve facilitar ainda mais a avaliação de risco e a formalização de contratos, reduzindo prazos e custos.
A expectativa é que, com maior acesso à informação e educação financeira, os consumidores utilizem esse tipo de operação de forma mais consciente, aproveitando suas vantagens sem comprometer a segurança patrimonial.
No fim, o empréstimo com garantia se consolida como um instrumento que combina taxas menores, prazos mais longos e previsibilidade, mas que exige planejamento e responsabilidade para ser usado de forma estratégica.